AVALIAÇÃO DE CONFORMIDADE - UMA VISÃO CRÍTICA DA AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE
Um aspecto importante
a ser destacado é que o processo de avaliação da conformidade objetiva propiciar
confiança na conformidade, e não a garantia da qualidade do produto, que é
responsabilidade inerente ao fabricante.
Subentende-se também
que a avaliação da conformidade tem como premissa a existência de uma norma ou
um regulamento técnico, ou ainda documento similar, que defina os requisitos a
serem atendidos pelo produto.
Uma questão central
deste conceito é a necessidade de cotejar adequado grau de confiança, com o
menor custo possível para a sociedade. Ou seja, quanto maior o grau de
confiança, maior o custo do processo de avaliação da conformidade, custo este
que, inevitavelmente, é repassado para o consumidor.
Fica claro que, se
aumentarmos o uso das ferramentas típicas da qualidade, como por exemplo, a frequência
das auditorias, a amostragem dos ensaios a serem realizados ou a frequência com
que se efetua ensaios em amostras colhidas na expedição das fábricas ou no
mercado, maior será a confiança de que o produto avaliado está em conformidade
com a norma ou regulamento técnico aplicável. Entretanto, a aplicação destas ferramentas
tem um custo que onerará o preço do produto final que será repassado para o
consumidor. Este raciocínio pode ser melhor ilustrado através do gráfico a
seguir
Observa-se que, a
partir do ponto “A” do gráfico, o aumento dos investimentos na aplicação de
ferramentas da qualidade que, inevitavelmente, implicaria em maiores custos,
não enseja um significativo aumento no grau de confiança na conformidade do produto
ou serviço, em relação às exigências da norma ou regulamento aplicável.
Portanto, o grande
desafio, quando do estabelecimento de um procedimento de avaliação da conformidade
de qualquer produto, é o de desenvolver estudos para identificar o ponto “A”. É
o ponto até aonde os investimentos na aplicação das ferramentas da qualidade
não são elevados e ensejam significativos incrementos no grau de confiança na
conformidade do produto em relação aos requisitos especificados.
Por maior que seja a
capacitação ou experiência dos técnicos envolvidos, identificar este ponto, na
primeira tentativa, não é tarefa fácil. Aí é que fica clara a ideia de
acompanhamento no mercado, com ênfase preventiva. Através dela, são coletadas
amostras nos pontos de venda que são devidamente ensaiadas em laboratórios
acreditados, objetivando identificar se existem não conformidades sistêmicas
(repetitivas e, em geral, associadas às mesmas causas).
As não conformidades
sistêmicas podem ter origem em deficiências no regulamento ou padrão normativo,
nos padrões metrológicos, no processo de acreditação de organismos e
laboratórios, na deficiência de atuação dos organismos ou laboratórios
acreditados, na deficiente atuação dos fornecedores, ou até mesmo nas
ferramentas da qualidade exigidas (auditorias, ensaios de tipo, amostragem,
sistema de gestão da qualidade do produtor etc.), ou seja, no procedimento de avaliação
da conformidade estabelecido. Cabe, então, ao gestor do programa de avaliação
da conformidade, analisar as não conformidades sistêmicas identificadas, mapear
sua origem e definir as ações de melhoria aplicáveis.
As ações de
acompanhamento no mercado, através de ensaios em produtos com conformidade avaliada,
feitas de forma sistematizada, permitirão a melhoria contínua dos procedimentos
de avaliação da conformidade, alcançando com maior facilidade o ponto de
equilíbrio entre o adequado grau de confiança na conformidade dos produtos e o
adequado custo para a sociedade.
À luz do exposto,
pode-se concluir que a Avaliação da Conformidade, com tratamento sistêmico,
visa permitir ser remota a possibilidade de um produto chegar ao consumidor em desacordo
com os requisitos estabelecidos por um documento normativo ou por um
regulamento técnico.
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